PREFEITURA APOIA REALIZAÇÃO DE PESQUISA INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE EM MIGRANTES






Com o apoio da Prefeitura de Manaus, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realiza na capital a pesquisa “Tuberculose e migrantes nos países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul): o caso do Brasil”. O estudo também conta com a participação do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).


De acordo com o chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em Manaus, enfermeiro Daniel Sacramento, a pesquisa foi organizada em três fases e está sendo executada também em Boa Vista (RR), São Paulo (SP) e Curitiba (PR), iniciando com o trabalho de descrição epidemiológica dos migrantes residentes no Brasil e dos casos notificados de tuberculose em migrantes utilizando os sistemas de informação oficiais do governo federal.

“Será feito ainda um estudo para detectar a prevalência de infecção latente de tuberculose em indivíduos migrantes e as barreiras enfrentadas no sistema de saúde, relacionadas ao tratamento dessa população. A terceira fase é a implementação de um estudo, para avaliar uma intervenção de cuidado relacionado à tuberculose em população migrante. A expectativa é que os resultados da pesquisa possam contribuir com a elaboração de políticas locais, nacionais e globais, que orientem a construção de planos de atenção à saúde, com ênfase na tuberculose, para populações migrantes”, informa Daniel.

O público-alvo da pesquisa é formado por qualquer pessoa estrangeira com 18 anos ou mais, que esteja residindo provisória ou permanentemente em Manaus e aceite participar da pesquisa. Os pesquisadores utilizam material gráfico para orientação em português, espanhol e warao, como forma de auxiliar no recrutamento dos migrantes para a pesquisa.

Para execução das ações, Manaus já recebeu este mês uma equipe de especialistas da Ufes, que realizou entrevistas em locais que abrigam os indígenas venezuelanos da etnia warao, com o objetivo de entender a dinâmica de saúde nessa população. Na última segunda-feira (21) foram iniciadas ações para identificar pessoas com sintomas respiratórios, com a realização de exames para a detecção da doença. A previsão é que a pesquisa em Manaus seja concluída em 30 de outubro.

“A população migrante é considerada uma população vulnerável à tuberculose devido ao processo de deslocamento nos territórios, quando passam por situações de estresse frequente, decorrente da escassez de alimentos, das dificuldades de comunicação, das condições habitacionais e laborais precárias, passando boa parte do tempo em aglomerados com pouca infraestrutura sanitária. Assim, fatores internos e externos podem conduzir a falhas do sistema imunológico, possibilitando que indivíduos sadios sejam infectados com o bacilo que causa a tuberculose, ou fazendo com que as pessoas, previamente infectadas, adoeçam”, explica Sacramento.
Registros

Considerando o período de 2017 a 2019, o município de Manaus registrou uma média anual de 2.296 casos novos de tuberculose, sendo o maior número registrado no ano de 2019, quando houve a notificação de 2.347 casos.

De 2017 a agosto de 2020, foram registrados 105 casos de tuberculose entre migrantes: 14 casos em 2017; 18 em 2018; 37 em 2019; e 36 em 2020. Dos 21 casos de tuberculose entre migrantes que estão em tratamento atualmente em Manaus, 18 pacientes realizam acompanhamento em unidades de saúde da rede municipal.


Diagnóstico


A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela microbactéria Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch (BK), que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas do corpo humano. O principal sintoma da tuberculose é a tosse. Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório – pessoa com tosse por duas semanas ou mais – seja examinado. Mas também podem surgir sintomas como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço ou fadiga.


Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados os seguintes exames: baciloscopia, teste rápido molecular para tuberculose e cultura para microbactéria, além da investigação complementar por exames de imagem.


Transmissão


A tuberculose é uma doença de transmissão aérea. Ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis, que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas.


O tratamento é gratuito e disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS), com duração de, no mínimo, seis meses. Todos os pacientes que seguem o tratamento corretamente ficam curados.

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