FANTASIA DO GOLEIRO BRUNO VIRA DENÚNCIA


O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) recebeu representação contra um homem que, no dia durante uma festa de Halloween em estabelecimento comercial de Manaus, fantasiou-se de ‘goleiro Bruno’, usando uma camisa de time de futebol e segurando um saco de lixo preto com a inscrição ‘Eliza’.

A representação foi formulada pela União Brasileira de Mulheres do Amazonas e recebida pelo procurador-geral de Justiça, Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, acompanhado do promotor Antônio José Mancilha, da 57ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos e Cidadania, que investigará a conduta do rapaz.

“Existe um limite tênue entre a liberdade de expressão e a apologia ao crime, nenhum direito é absoluto. Nesse caso concreto, ainda que a intenção do rapaz não tenha sido defender ou incentivar o feminicídio, a exploração de um crime que traumatizou todo o País pela sua torpeza e crueldade, mormente com o uso do nome da vítima associado a lixo não pode ser tolerada pelo Ministério Público. Por dever de nosso ofício temos de combater esse tipo de comportamento de maneira pedagógica”, disse o procurador-geral, ao reforçar o compromisso da Instituição na defesa dos Direitos Humanos.

A cena, considerada por representantes do movimento de mulheres como apologia ao feminicídio, foi retratada e reproduzida nas redes sociais em todo o Brasil, chegando, inclusive, à mãe de Eliza Samudio, Sônia Moura, e ao filho da vítima, atualmente criado pela avó.

“É inadmissível banalizarmos esse ato. Não se trata apenas de uma fantasia, mas de uma apologia ao crime de feminicídio, onde a gente tem, a cada seis horas e meia, uma mulher morta no Brasil. Não podemos achar que isso é comum e nem parar de se indignar. Então, procuramos o Ministério Público com esse intuito: cobrar um posicionamento e, principalmente, punição nesse sentido, coibindo tais atitudes,” disse Débora Oliveira da União Brasileira de Mulheres do Amazonas.

Segundo o promotor Antônio Mancilha, a inciativa de levar o caso ao PGJ é de suma importância, considerando que essa matéria não pode ser analisada apenas do ponto de vista técnico-jurídico do fato, mas também por ter uma repercussão maior, sob a ótica social.

Na última quinta-feira, a União de Brasileira de Mulheres, juntamente com o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher protocolaram uma representação. Esse caso repercutiu nacionalmente devido à alusão de um crime também nacional, à época sem a Lei de Feminicídio, com características mais severas de punição.



*D24AM

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