INTERVENÇÃO COMPLETA 52 DIAS SEM RELATÓRIO SOBRE AS CONDIÇÕES DO TRANSPORTE PÚBLICO

Foto: Reprodução
Decorridos 52 dias desde que a Prefeitura declarou intervenção financeira no transporte público de Manaus, nenhum relatório contendo os resultados da ação foi apresentado publicamente. O decreto, assinado no dia 22 de julho pelo prefeito Artur Neto, nomeou o ex-empresário do setor de transportes Francisco Bezerra como interventor, estabelecendo o controle da entrada e saída de recursos.
Segundo o vereador Chico Preto (PMN), um pedido formal assinado por ele foi enviado para o gabinete do interventor, solicitando esses dados, para que a população possa ter conhecimento do que foi realizado. 
“Do meu gabinete saiu há 10 dias um ofício solicitando  o primeiro relatório, referente aos primeiros 30 dias de intervenção. Quero ter acesso ao conteúdo. Não acredito que a intervenção por si só vá produzir alguma alteração no sistema, mas sim que ela aponte um conjunto de providências na questão da gestão e operacional”, disse.
Impactos
Os segmentos envolvidos sentem de forma diferente os impactos da medida. Para os representantes dos ônibus alternativos, por exemplo, a intervenção resultou no atraso salarial do pagamento de aproximadamente mil trabalhadores, totalizando hoje uma dívida de mais de R$ 3 milhões. Segundo o presidente da Cooperativa de Transportes Alternativos (Cooptaran), Cleibe Terceiro da Silva, já não há mais dinheiro para manter a frota em funcionamento. 
“Estávamos há 5 semanas sem receber, a contar da data da assinatura da intervenção. Há dois dias pagaram o valor referente a uma semana de atraso. Esperamos receber o que falta o quanto antes, pois continuamos sem dinheiro para manter o sistema operando e pagar os funcionários”, resumiu.
Já para os representantes do transporte convencional, a intervenção representou  melhora tímida. O diretor do Sindicato dos Rodoviários, Carlos Alberto dos Santos destacou pequenas mudanças, mas disse que ainda há dívidas a serem sanadas.
“Infelizmente a melhora foi de apenas 20%. Não recebemos todo o dinheiro,  pois com a entrada do interventor, o que ficou pendente para trás não está sendo pago. Recebemos apenas parte do pagamento referente ao período pós-intervenção. Nossos planos de saúde estão suspensos, e o vale-refeição não está em dias para todas as empresas”, declarou.

‘Toda melhoria  desagrada alguém’

Vereadores da base de apoio ao prefeito Artur Neto defendem que haverá resultados ao final da intervenção, que tem prazo de validade de 90 dias, podendo ser prorrogado.
O vereador Cláudio Proença (PR), que recentemente pediu o desligamento da Comissão de Transportes da CMM, mencionou uma audiência entre a comissão e a interventoria, marcada para o dia 14 de setembro. Na ocasião, deve ser apresentado o relatório, contendo o balanço do que foi realizado até o momento.  
“Toda melhoria tende a desagradar alguém ou causar algumas situações. Quanto ao pagamento dos alternativos, a prefeitura pagou uma parcela na terça-feira (10), e já conseguiu uma liminar judicial desbloqueando R$ 10 milhões, e em até 15 dias todo o pagamento dos alternativos estará normalizado”, destacou Proença.
Membro da Comissão de Transporte, o vereador Elissandro Bessa (SD) acredita que resultados mais significativos devem surgir até o fim da intervenção.
“A intervenção ainda não refletiu nas ruas com melhorias ou com veículos novos, infelizmente. Mas a população irá sentir os resultados a longo prazo. Internamente já foi possível honrar compromissos salariais dos funcionários, evitando paralisações no transporte, o que pode ser citado como algo positivo”, disse.

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