AÇÃO FAZ CONDUTORES REFLETIREM SOBRE NÃO DAR ESMOLA A CRIANÇAS E ADOLESCENTES


Imagem: Arquivo O Pequeno Nazareno

“Esmola não dá futuro. Escola sim.” Esse é tema de ação que a associação beneficente O Pequeno Nazareno, que trabalha com o atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua, promove na próxima segunda-feira (21/12), próximo aos semáforos da Avenida Coronel Teixeira com a Avenida Brasil, vias com intenso tráfego na zona Oeste de Manaus.

A iniciativa, prevista para ocorrer das 7h30 às 9h, visa orientar condutores e pedestres a não darem esmolas nas sinaleiras da capital, mas sim cobrar políticas públicas e outras ações de prevenção que possam criar oportunidades para o público infanto-juvenil, como escola, por exemplo. A Associação também busca com a ação apoio para a realização de suas ações e projetos, como o Projeto Gente Grande, convidando a sociedade a dar uma oportunidade para esses adolescentes e jovens.

“Convidamos os transeuntes e os condutores a refletirem sobre o ato milenar de dar esmola e a voltarem o olhar para que o poder público possa fortalecer políticas e iniciativas para atenção a crianças e adolescentes em situação de rua. Não dê esmola, ajude a criar oportunidade”, destacou o gestor da associação beneficente O Pequeno Nazareno, Tommaso Lombardi.

Pelo 3º ano consecutivo a associação promove a ação que consiste em distribuição de panfletos, com orientação aos motoristas que passam pelo trajeto a refletirem sobre as consequências deste ato, “da prática de esmola” e “alimentação” das caixinhas de pedidos. “É muito comum naquele trecho como em outros cruzamentos com grande fluxo de veículos ver uma concentração de crianças e adolescentes em situação de risco social, batendo nos vidros dos veículos, segurando cartaz com mensagem de ajuda”, afirmou a assistente social da equipe de Abordagem Social “Criança Não é de Rua” do Pequeno Nazareno, Regiane Rabelo.

“Essas crianças chegam a ganhar de R$ 50 a R$ 200 por dia, nesses sinais, o que faz com que não saiam dessa situação, pois há contrapartida dos condutores”, explicou Regiane, ressaltando que, além disso, as crianças e adolescentes em situação de rua estão sujeitos a outros riscos como trabalho infantil, violência sexual, consumo de drogas, entre outras ameaças. De acordo com o Art. 1º da Resolução Conjunta CNAS/CONANDA Nº 1, de 15 de dezembro de 2016, crianças e adolescentes em situação de rua são sujeitos em desenvolvimento com direitos violados, necessitando de um cuidado diferenciado por parte da sociedade e do poder público.

A iniciativa da próxima segunda-feira conta com apoio do Instituto Desafio Jovem, Centro de Formação Vida Alegre, do Movimento Comunitário Vida e Esperança, do Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil – PETI/SEMASC, da Comunidade Católica Nova e Eterna Aliança, além do apoio do Conselho Tutelar da Zona Leste I.

Diagnóstico

Levantamento realizado pelo O Pequeno Nazareno em 2016 e 2017 com 78 crianças em dezenas de logradouros públicos em todas as zonas da cidade dá conta de que 85% é do sexo masculino e quase metade são adolescentes de 12 a 15 anos. De acordo a abordagem social “Criança Não é de Rua”, que visa identificar os territórios e/ou zonas de Manaus com incidência de crianças em situação de rua, buscando proporcionar atendimento, busca ativa e encaminhamento e/ou acompanhamento à rede socioassistencial, a imensa maioria (78%) é procedente da zona Leste da capital. Quanto aos registros, a cada dez crianças/adolescentes quatro não possuíam sequer a certidão de nascimento.

“Dentre todas as violações identificadas, a mais recorrente foi a situação de exploração do trabalho infantil que era vivenciada diariamente por 75% das crianças e adolescentes. Dentre as atividades utilizadas para ganhar dinheiro, as mais executadas eram a limpeza de para-brisas de veículos e vendas de produtos quando os semáforos se fechavam para a passagem de pedestres e outros carros. Já os 14% que estavam em situação de mendicância, geralmente pediam após uma breve apresentação de malabarismo com limões e, alguns casos, vestidos de palhaços”, diz trecho do diagnóstico social.

Em outra pesquisa de campo, realizada em 2018 e 2019, em 38 feiras oficias e clandestinas e 16 pontos estratégicos com intenso tráfego em Manaus, a equipe de abordagem social identificou 70 crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. Por conta das situações identificadas e das necessidades básicas das crianças e adolescentes apontadas pela abordagem, o instituto realizou diversas intervenções com apoio da rede pública de serviços socioassistenciais.

Amazonas Notícias*

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