VASCO APOSTA EM LUXEMBURGO EM UM MISTO DE DESESPERO E NOSTALGIA

 

RAFAEL RIBEIRO/VASCO
O Vasco começará 2020 com um novo técnico, mas que na verdade é um antigo técnico. Vanderlei Luxemburgo, de 68 anos, foi anunciado como treinador do clube, com contrato até o final do Campeonato Brasileiro, em fevereiro, com a possibilidade de continuar depois disso, caso cumpra a missão. Ele volta ao clube que dirigiu de maio a dezembro de 2019, o deixando sem correr o risco de rebaixamento e com uma vaga na Sul-Americana, algo que soa como um sonho para o vascaíno em tempos atuais.

A missão do veterano treinador, desta vez, será a mesma, com um grau de dificuldade maior: impedir que a nau cruzmaltina afunde rumo à segunda divisão, com quase dois terços do campeonato já disputado e o clube afundado na zona do rebaixamento. Terá a seu favor um certo conhecimento do elenco, já que muitos dos seus comandados continuam em São Januário.


A volta de Luxemburgo tem uma dose de desespero de um clube que se vê afundado na zona do rebaixamento e não consegue sair. Ricardo Sá Pinto, que substituiu Ramón, fracassou. Teve pouco tempo, mas também apresentou muito pouco. Em um clube de tamanho imenso como o Vasco, com a corda no pescoço, os dirigentes decidiram agir, mesmo sem aparentemente saber exatamente o que fazer. Houve negociação com Zé Ricardo, mas não houve acordo. O treinador recusou voltar ao clube. A opção, então, foi Luxemburgo, que estava sem clube desde a demissão do Palmeiras.

O trabalho de Luxemburgo no alviverde deixou a desejar. Com um dos melhores elencos do país, o Palmeiras raramente conseguiu ter um bom desempenho em campo, ainda que tenha ganhado o Campeonato Paulista contra o rival Corinthians na final. Na Libertadores, o time se classificou com facilidade, mas o grupo era tecnicamente muito fraco. O time sofreu em jogos que precisava render mais. A sua demissão não foi uma surpresa. O que surpreendeu foi a diretoria do Palmeiras apostar no treinador.

Uma aposta que é parecida com a do Vasco, em certo aspecto: tem um apelo nostálgico, de um técnico que teve algum sucesso. No caso do Palmeiras, os sucessos de Luxemburgo no clube são históricos e gigantescos, mas estavam muito distantes da atualidade. Seu último título pelo clube tinha sido em 2008, um Campeonato Paulista.

Os tempos gloriosos de Parmalat, com dois títulos brasileiros em 1993 e 1994 e o Paulista de 1996 que encantou estavam muito distantes. No caso do Vasco, o trabalho é muito mais recente, mas também muito menos marcante. Foi só salvar o time do rebaixamento. Em tempos de desespero para o clube de São Januário, isso já é mais do que suficiente para torná-lo um nome desejado.

Foram 37 jogos sob o comando do técnico em 2019, com 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas. O time terminou em 12º lugar, 13 pontos acima da zona do rebaixamento. Uma tranquilidade que o vascaíno recorda com saudade e com desejo para um 2020 tão ruim. Além da posição ruim na tabela, o desempenho em campo é fraco. Por isso, o novo velho treinador deve ter um papel importante para inverter essa tendência negativa que se vê na equipe desde os primeiros resultados ruins, que resultaram na saída de Ramón Menezes.

Vanderlei Luxemburgo quando dirigiu o Vasco, em 2019 (Imago/OneFootball)

Há uma certa nostalgia também por ser Luxemburgo. O treinador é um nome histórico do futebol brasileiro, responsável por alguns dos melhores times que atuaram por aqui nos últimos 30 anos, especialmente em clubes como Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro. Marcou época em todos eles, com títulos importantes. Nos últimos 15 anos, porém, as conquistas mais importantes de Luxemburgo rarearam e ficaram restritos a estaduais.

A falta de títulos nacionais poderia não ser um problema, já que o Vasco não almeja taças nesta temporada que se encaminha para a última parte. A ideia é apenas se salvar do rebaixamento, como ficou claro na mensagem do presidente eleito do Vasco, Jorge Salgado.

“Torcida Vascaína, fechamos o ano com uma ótima notícia. Vanderlei Luxemburgo é o novo técnico do Vasco. Com ele chegam o auxiliar Maurício Cupertino e os preparadores físicos Antonio Melo e Daniel Félix”, escreveu o dirigente no seu Twitter. “A missão inicial é muito objetiva: garantir o Vasco na Série A do Brasileiro. Tenho total confiança na capacidade do Luxemburgo e sua equipe. Conhecem o Vasco e tem a competência para fazer essa travessia.  Bem-vindos de volta à Casa”.

O Vasco teve folga neste dia 1º de janeiro, mas se reapresenta para treinamentos no dia 2. Luxemburgo dará seu primeiro treinamento nesse dia. O Vasco volta a campo no dia 7 de janeiro, próximo domingo, diante do Atlético Goianiense. O time ocupa atualmente o 17º lugar no Brasileirão, com 28 pontos em 26 jogos. O Bahia, primeiro time fora da zona de descenso, tem os mesmos 28 pontos, mas com um jogo a mais. Tirar a equipe da “zona da confusão”, como o técnico se acostumou a falar nos últimos anos, será um desafio importante do veterano treinador.



Trivela*


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