VASCO APOSTA EM LUXEMBURGO EM UM MISTO DE DESESPERO E NOSTALGIA
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RAFAEL RIBEIRO/VASCO |
A missão do veterano treinador, desta vez, será a mesma, com um grau de dificuldade maior: impedir que a nau cruzmaltina afunde rumo à segunda divisão, com quase dois terços do campeonato já disputado e o clube afundado na zona do rebaixamento. Terá a seu favor um certo conhecimento do elenco, já que muitos dos seus comandados continuam em São Januário.
A volta de Luxemburgo tem uma dose de desespero de um clube que se vê afundado na zona do rebaixamento e não consegue sair. Ricardo Sá Pinto, que substituiu Ramón, fracassou. Teve pouco tempo, mas também apresentou muito pouco. Em um clube de tamanho imenso como o Vasco, com a corda no pescoço, os dirigentes decidiram agir, mesmo sem aparentemente saber exatamente o que fazer. Houve negociação com Zé Ricardo, mas não houve acordo. O treinador recusou voltar ao clube. A opção, então, foi Luxemburgo, que estava sem clube desde a demissão do Palmeiras.
O trabalho de Luxemburgo no alviverde deixou a desejar. Com um dos melhores elencos do país, o Palmeiras raramente conseguiu ter um bom desempenho em campo, ainda que tenha ganhado o Campeonato Paulista contra o rival Corinthians na final. Na Libertadores, o time se classificou com facilidade, mas o grupo era tecnicamente muito fraco. O time sofreu em jogos que precisava render mais. A sua demissão não foi uma surpresa. O que surpreendeu foi a diretoria do Palmeiras apostar no treinador.
Uma aposta que é parecida com a do Vasco, em certo aspecto: tem um apelo nostálgico, de um técnico que teve algum sucesso. No caso do Palmeiras, os sucessos de Luxemburgo no clube são históricos e gigantescos, mas estavam muito distantes da atualidade. Seu último título pelo clube tinha sido em 2008, um Campeonato Paulista.
Os tempos gloriosos de Parmalat, com dois títulos brasileiros em 1993 e 1994 e o Paulista de 1996 que encantou estavam muito distantes. No caso do Vasco, o trabalho é muito mais recente, mas também muito menos marcante. Foi só salvar o time do rebaixamento. Em tempos de desespero para o clube de São Januário, isso já é mais do que suficiente para torná-lo um nome desejado.
Foram 37 jogos sob o comando do técnico em 2019, com 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas. O time terminou em 12º lugar, 13 pontos acima da zona do rebaixamento. Uma tranquilidade que o vascaíno recorda com saudade e com desejo para um 2020 tão ruim. Além da posição ruim na tabela, o desempenho em campo é fraco. Por isso, o novo velho treinador deve ter um papel importante para inverter essa tendência negativa que se vê na equipe desde os primeiros resultados ruins, que resultaram na saída de Ramón Menezes.
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Vanderlei Luxemburgo quando dirigiu o Vasco, em 2019 (Imago/OneFootball) |
Há uma certa nostalgia também por ser Luxemburgo. O treinador é um nome histórico do futebol brasileiro, responsável por alguns dos melhores times que atuaram por aqui nos últimos 30 anos, especialmente em clubes como Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro. Marcou época em todos eles, com títulos importantes. Nos últimos 15 anos, porém, as conquistas mais importantes de Luxemburgo rarearam e ficaram restritos a estaduais.
A falta de títulos nacionais poderia não ser um problema, já que o Vasco não almeja taças nesta temporada que se encaminha para a última parte. A ideia é apenas se salvar do rebaixamento, como ficou claro na mensagem do presidente eleito do Vasco, Jorge Salgado.
“Torcida Vascaína, fechamos o ano com uma ótima notícia. Vanderlei Luxemburgo é o novo técnico do Vasco. Com ele chegam o auxiliar Maurício Cupertino e os preparadores físicos Antonio Melo e Daniel Félix”, escreveu o dirigente no seu Twitter. “A missão inicial é muito objetiva: garantir o Vasco na Série A do Brasileiro. Tenho total confiança na capacidade do Luxemburgo e sua equipe. Conhecem o Vasco e tem a competência para fazer essa travessia. Bem-vindos de volta à Casa”.
O Vasco teve folga neste dia 1º de janeiro, mas se reapresenta para treinamentos no dia 2. Luxemburgo dará seu primeiro treinamento nesse dia. O Vasco volta a campo no dia 7 de janeiro, próximo domingo, diante do Atlético Goianiense. O time ocupa atualmente o 17º lugar no Brasileirão, com 28 pontos em 26 jogos. O Bahia, primeiro time fora da zona de descenso, tem os mesmos 28 pontos, mas com um jogo a mais. Tirar a equipe da “zona da confusão”, como o técnico se acostumou a falar nos últimos anos, será um desafio importante do veterano treinador.
Trivela*
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