CIDADÃOS SE ARMAM NO AMAZONAS E REGISTROS TÊM AUMENTO DE 57,8%

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O número de novas armas de fogo cresceu 57,8% no Amazonas entre 2019 e 2020. O estado tem 10.535 registros ativos de armas. Em 2019, foram inseridas 377 novas armas no Sinarm (Sistema Nacional de Armas). Em 2020 foram 595. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e expõem uma “corrida” às armas. Em âmbito nacional, o aumento é de 97,1% nos registros de novas armas.

Os cidadãos comuns detêm o maior número de armas de fogo no estado. Em 2019 os cidadãos tinham 1.985, em 2020 o número saltou para 2.506. Os servidores públicos, que têm armas por prerrogativa de função, contabilizam 811. Em 2019 eram 646. As empresas de segurança privada tinham 4.398 em 2019 e, em 2020, contabilizaram 4.760.

Em contrapartida, o número de porte e posses ilegais no estado caiu. No ano de 2019 eram 593 e em 2020, 550.
Aumento de armas

A tendência é que a busca por armas novas aumente este ano. O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), vai armar a guarda municipal. A Prefeitura comprou 250 pistolas TS9, calibre 9mm, da empresa Taurus, por R$ 895, 7 mil sem licitação. Também foram compradas granadas e spray de pimenta. O custo total chega a R$ 932 mil.

Apesar do aumento no registro de novas armas, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que os recursos públicos para policiamento caíram 29% no estado. Em 2019 foram investidos R$ 19,5 milhões, em 2020 foram R$ 13, 8 milhões. As aplicações em Defesa Civil tiveram queda ainda mais brusca, de 83,7%. Em 2019 o setor recebeu R$ 21,5 milhões, e em 2020 apenas R$ 3,5 milhões.
“Falência e despreparo”

Especialista em segurança pública, Pontes Filho analisa que o aumento nos registros de armas no Amazonas e no Brasil reflete a “falência” e o “despreparo” de gestores públicos. O professor avalia que não existe comprovação de eficácia da medida armamentista.

“Isso reflete a falência dos supostos modelos de segurança pública até então adotados. Evidencia também um completo despreparo dos gestores públicos e um certo desespero que parte para radicalização do modelo repressivo e armamentista sem qualquer fundamento mínimo de eficácia. É um sintoma bastante expressivo do completo fracasso da gestão da segurança pública no Brasil”, diz o especialista, que é doutor e professor de mestrado em Segurança Pública da UEA (Universidade do Estado do Amazonas).

Pontes Filho afirma que um dos fatores para esse aumento é a desinformação que leva o cidadão a acreditar que ter uma arma é o suficiente para se proteger. “isso constitui uma pervertida desinformação, pois leva muito a crerem que pelo simples fato de disporem de uma arma estão aptos pra enfrentar alguém armado ou um grupo, um bando. É risível e trágico só de imaginar que um sujeito armado possa enfrentar quadrilhas e organizações criminosas fortemente armadas”, diz.

O especialista alerta para a frequência de casos em que mortes ocorreram pelo uso indevido do armamento. Ele chama esse resultado de “inversão do que prega a ideologia da indústria das armas”.

“São muitos os casos de acidentes envolvendo armas de fogo que vitimaram o próprio portador, alguém da família (filho, criança, cônjuge, amigo). Aliás, essas ocorrências são muito mais frequentes do que situações em que a arma de fogo foi utilizada para defesa com alguma eficácia. Pelo contrário, abundam os casos em que, no curso de uma abordagem de criminosos, além destes produzirem o roubo, o assalto, o sequestro etc, ainda levam a própria arma do cidadão comum que se julgava protegido”, explica.
Caçadores, atiradores e colecionadores

Os números de registros de CAC (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) aumentaram 69% entre 2019 e 2020 na 12º RM (Região Militar), do qual o Amazonas faz parte. Os dados são do Exército Brasileiro e também foram divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Acre, Rondônia e Roraima também estão na 12º RM. A média brasileira de CAC é de 29,6%.

Eles são as figuras que detém o maior número de armas do país. Os militares do Exército possuem 59.860, os policiais militares têm 510.636, os bombeiros militares têm 25.649 e os CAC têm 561.331.

Leia o Anuário Brasileiro de Segurança.


*AMAZONAS ATUAL

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