IBGE ABRE CONCURSO PARA SELEÇÃO DE 208 MIL TEMPORÁRIOS PARA O CENSO 2022

 

© Lucas Lacaz Ruiz/Estadão

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou quatro editais de seleção para a contratação de cerca de 208 mil trabalhadores temporários para o Censo Demográfico 2022. Previsto para ser iniciado neste mês, o processo seletivo deverá se estender até junho do próximo ano, o que poderá adiar o início da coleta das informações nos domicílios. Inicialmente previsto para 2020, o Censo Demográfico está com o orçamento ameaçado desde 2019 e foi adiado em dois anos por causa pandemia de covid-19. No último cronograma informado pelo IBGE, as entrevistas começariam em junho.

Em junho último, o IBGE previa receber inscrições de candidatos a trabalhar no Censo neste mês, realizar provas em janeiro e divulgar resultados em março de 2022. Agora, as inscrições nos processos seletivos vão até 29 de dezembro e 10 de janeiro, dependendo da função, e haverá provas em 27 de março. O treinamento dos recenseadores – agentes do IBGE que vão a campo fazer as entrevistas em cada lar brasileiro –, que faz parte do processo seletivo, está previsto para junho.

Segundo o coordenador de Recursos Humanos do IBGE, Bruno Malheiros, a “previsão” de iniciar a coleta de informações junto aos moradores de cada domicílio a partir de 1.º de junho foi baseada no cronograma do processo seletivo anterior.

“Agora, temos um novo cronograma do processo seletivo. Esse cronograma foi apresentado ao Conselho Diretor (do IBGE), que está rediscutindo o cronograma (do Censo 2022)”, afirmou Malheiros, ao comentar detalhes sobre os editais de seleção. “Não sei se o início da coleta será 1.º de junho. Acredito que o Conselho Diretor vai se manifestar.”

São 183.021 vagas para recenseadores, de nível fundamental, para trabalhar em 5.297 municípios. As inscrições para essas vagas vão até o dia 29 de dezembro e a prova será em 27 de março de 2022.

Além da prova, o processo inclui um treinamento com duração de cinco dias e carga horária de oito horas por dia. Ao término do treinamento, que incluirá protocolos de segurança contra a covid-19, os candidatos selecionados na prova fazem mais um teste. Somente os aprovados nesse teste serão escolhidos como recenseadores.

Ao detalhar a seleção dos temporários, Malheiros informou que esse treinamento e a contratação dos recenseadores estão previstos para junho, no cronograma do novo processo seletivo. Daí a possibilidade de haver adiamento no início das entrevistas. A previsão é que o período de entrevistas dure três meses, mesmo prazo dos contratos temporários de trabalho dos recenseadores.

A remuneração dos recenseadores será variável, conforme sua produtividade. Para definir o salário, o IBGE levará em conta o número de domicílios visitados pelo recenseador, o número de pessoas recenseadas e o número de questionários aplicados.

Além disso, cada setor censitário - área geográfica formada, em média, por 300 domicílios - designado para os recenseadores tem uma taxa de remuneração diferente. Malheiros explicou que isso se deve ao fato de que isso se deve ao fato de a dificuldade de coleta variar conforme o setor censitário - por exemplo, é mais fácil entrevistar um grande número de domicílios concentrados num edifício do que numa rua de casas ou numa área rural.

Os recenseadores não têm horário fixo, mas devem trabalhar ao menos 25 horas por semana. O IBGE recomenda que eles usem fins de semana e feriados para fazer as entrevistas, já que são oportunidades para encontrar os moradores no domicílio, disse Malheiros.

Para que os interessados nas vagas estimem sua remuneração, o IBGE criou um site com um simulador do salário. O valor é estimado conforme parâmetros - relacionados às variáveis que influenciam na remuneração - informados pelo próprio candidato.

Ao se inscrever para a seleção de recenseador, os interessados devem escolher a área onde desejam trabalhar. A ideia do IBGE é que os recenseadores sejam moradores ou conheçam as áreas, para facilitar o acesso aos domicílios a serem entrevistados.

O IBGE contratará também 18.420 agentes censitários supervisores (ACS) e 5.450 agentes censitários municipais (ACM), ambas de nível médio. Os salários são de R$ 1.700 e R$ 2.100, respectivamente. As inscrições também vão até 29 de dezembro, com prova em 27 de março de 2022.

A operação do Censo 2022 inclui ainda 1.781 vagas de nível médio para agente censitário de administração e informática (ACAI) e 31 para coordenador censitário de área (CCA). As inscrições nesses processos seletivos vão até 10 de janeiro de 2022. Os salários são de R$ 1.700 para ACAI e de R$ 3.677,27 para CCA, com jornada de 40 horas semanais, sendo oito horas diárias para ambas as funções. Segundo o IBGE, para CCA, “é obrigatório ter Carteira Nacional de Habilitação definitiva ou provisória, no mínimo categoria B, no prazo de validade”.

As inscrições para as vagas de recenseador e de agentes censitários podem ser feitas no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa é de R$ 57 para recenseador e variam de R$ 44 a R$ 66 para as diferentes funções de agentes censitários

Orçamento do Censo

Na última segunda-feira, 13, o IBGE reiterou que o Censo 2022 exige a quantia integral de R$ 2,292 bilhões, previsto no Orçamento do próximo ano, em meio aos rumores de novo corte. No domingo, 12, o jornal O Globo noticiou que o relatório setorial da Comissão Mista do Orçamento previa a transferência de somente R$ 1,895 bilhão para a realização do Censo.

O relator-geral do Orçamento de 2022, Hugo Leal (PSD-RJ), informou em entrevista ao Estadão/Broadcast na última sexta-feira, 10, que os recursos para o Censo estavam garantidos. “Na integralidade. São R$ 2,292 bilhões. O Censo sairá. Não tem erro. O presidente do IBGE esteve aqui e nós acertamos isso e está tudo recomposto”, declarou à reportagem.

Realizado a cada dez anos, o Censo visita todos os cerca de 71 milhões de lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia. Antes disso, a operação censitária foi orçada inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões, para ir a campo ano passado. Em meio a pressões do governo pela redução no orçamento, os questionários originais foram enxugados, e a verba encolheu para R$ 2,3 bilhões.

Em 2021, o orçamento federal não trouxe os recursos necessários para a condução do Censo, que acabou adiado novamente, mas desta vez sob determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de que ocorresse em 2022.




Estadão Conteúdo*

Nenhum comentário