SEM ABRIR MÃO DA ZFM, RICARDO NICOLAU DEFENDE USO SUSTENTÁVEL DE RECURSOS NATURAIS: ‘POPULAÇÃO ESTÁ EM CIMA DA RIQUEZA PASSANDO NECESSIDADE’

 

Foto: Marcelo Cadilhe

Parlamentar afirma que é possível, com uso da ciência e tecnologia, levar desenvolvimento para o interior minimizando impactos ao meio ambiente.

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade), defendeu o uso, de maneira sustentável, de recursos naturais como minérios para fomentar o desenvolvimento econômico do Estado, principalmente nas cidades do interior. A manifestação ocorre em meio ao decreto do governo federal que diminuiu em 25% a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e, na prática, fere de morte o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM).

Sem abrir mão de defender os mais de 500 mil empregos diretos e indiretos gerados no Polo Industrial de Manaus (PIM), Ricardo Nicolau afirma que é possível, por meio da ciência e tecnologia, extrair de forma racional e sustentável os recursos minerais presentes na Amazônia sem impactar o meio ambiente e povos tradicionais.

“O Amazonas é rico em nióbio e potássio, e a população está em cima de toda essa riqueza e passando necessidade. Temos potencial para ter um grande polo petroquímico. Mas, ao longo dos anos, os governos estaduais só se preocuparam em criar programas midiáticos, que nada resolvem”, disse o presidente da CAE.

O potássio é um dos minérios mais importantes para a indústria de fertilizantes. Atualmente, o insumo está com preço elevado no mercado internacional devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, grandes produtores da substância usada principalmente na agricultura. O Brasil depende do potássio para produção de alimentos.

Um estudo feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em 2021 revelou que existem depósitos de sais de potássio nos municípios Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério. Além disso, há ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga e Nhamundá.

Governo sem visão estratégica

Ricardo Nicolau criticou ainda a falta de visão dos governos amazonenses das últimas décadas que não viabilizaram uma nova matriz econômica complementar à ZFM, que ainda é o pilar central da economia local.

“Nós temos um parque industrial moderno, mas que está aqui só por conta das isenções fiscais. Nunca houve um projeto efetivo de geração de emprego e renda que atraísse novos investimentos. Já ouvi muitos relatos de empresários que queriam investir no Amazonas, mas que sequer foram recebidos pelo governador. Se há resistência aqui, o investidor vai para o Paraguai. Quem quer investir aqui deveria ser recebido com tapete vermelho”, apontou o deputado.

Para Ricardo Nicolau, criar novas alternativas econômicas previnem novos ataques ao modelo Zona Franca. “Nem na indústria o Amazonas conseguiu diversificar a produção. Temos potencial para um polo de cosméticos e usar essa isenção para atrair novas indústrias. Precisamos disso para fortalecer nosso modelo para, quando vier um outro ataque, a gente esteja preparado e forte”, finalizou.



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