TROTE: CALOUROS DE MEDICINA VETERINÁRIA DA UFPR SOFREM QUEIMADURAS

 

Foto: Reprodução

A Polícia Civil investiga um trote realizado na noite da última quarta-feira (30) por estudantes de medicina veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Palotina, no oeste do estado. O episódio terminou com ao menos 20 calouros com queimaduras de primeiro e segundo grau.


1. Quando e onde tudo ocorreu

O trote com os calouros aconteceu na noite de quarta-feira (30) em um terreno baldio há menos de cem metros da entrada do campus de Palotina, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no oeste do estado.

Conforme a Polícia Civil, as vítimas relataram que, inicialmente, tiveram que pedir dinheiro pelas ruas da cidade. Depois, o grupo foi levado ao terreno e foi obrigado a se ajoelhar. Imagens mostram os calouros sendo levados enfileirados até o local.


2. O relato dos calouros

Ainda na noite de quarta-feira as vítimas denunciaram o episódio à polícia. Segundo eles, como parte do trote, um líquido foi jogado nas costas deles, provocando queimaduras. “Todo mundo começou a reclamar que tava ardendo, que tava queimando”, relatou ao g1 um dos calouros, de 19 anos.

“A menina que estava com a lata de creolina, abriu, e ela falou: ‘abaixa a cabeça’. Eu achei que fosse o menino que ia jogar água, porque eles estavam aplicando em grupo o trote. E ela jorrou, despejou nas minhas costas. No mesmo momento que caiu, que eu vi que ela começou a jogar no meu colega, eu comecei a gritar, porque tava doendo muito, ardia muito. Eu falei: gente, tá queimando, tá queimando”, contou outra vítima do trote.


3. O estado de saúde das vítimas

O Hospital Municipal de Palotina , para onde foram levados os alunos feridos, afirmou que eles tiveram queimaduras de 1° e 2° grau. Uma aluna, segundo a instituição, chegou a inalar o produto e desmaiou.

Dos 21 estudantes que foram encaminhados ao hospital, 20 foram liberados ainda na noite de quarta-feira (30). A jovem que inalou o produto, segundo o hospital, ficou em observação e teve alta na manhã desta quinta-feira (31).

Fotos das vítimas mostram as marcas deixadas pelo produto na pele. Pomadas para aliviar as queimaduras foram aplicadas nos ferimentos


4. O que provocou as queimaduras

Os calouros relatam que os veteranos derramaram creolina no corpo deles. Uma lata do produto, um desinfetante e germicida de uso veterinário, foi apreendida pela polícia. Porém, o delegado responsável pelo caso, não descarta a possibilidade outro material ter sido misturado à creolina.

O material será periciado a fim de identificar o que provocou os ferimentos. De acordo com o fabricante do produto apreendido, o contato com a substância pode causar dor de estômago e de cabeça, vermelhidão na pele, náusea e tremores.


5. Suspeitos do crime

Quatro estudantes de medicina veterinária foram presos em flagrante nesta quinta-feira (31) suspeitos dos crimes de lesão corporal grave e constrangimento ilegal. Eles são suspeitos de jogar o produto nos calouros.

O delegado responsável pelo caso afirma que também serão apurados os crimes de tortura e cárcere privado, caso os calouros tenham sido obrigados a permanecer em algum local, por exemplo.

Os presos têm idades entre 21 e 23 anos. Cabe à Justiça decidir se eles seguirão presos.


6. Investigação

A Polícia Civil investiga o caso e também apura os crimes de tortura e cárcere privado, caso os calouros tenham sido obrigados a permanecer em algum local, por exemplo.

Os estudantes feridos durante o trote também passaram por exames no Instituto Médico-Legal (IML).


7. O que diz a UFPR

A universidade informou que abriu um processo para apurar a responsabilidade pelo fato e que a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis está trabalhando no acolhimento das vítimas, junto com a direção do setor Palotina.

Em vídeo divulgado nesta quinta, o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo da Fonseca, afirmou que o fato é ‘injustificável’.

“Apresento minha solidariedade tanto aos alunos e alunas, quanto aos seus familiares que sofreram essa violência injustificável no momento do trote. A insatisfação da universidade é imensa porque temos trabalhado continuamente nos últimos anos para que haja tolerância zero com relação a esse tipo de atitude na recepção dos nossos estudantes. Quero assegurar aos alunos e estudantes, como a toda comunidade que nós faremos uma apuração imediata e rigorosa das responsabilidades para que isso não possa se repetir.” Com informações do G1.


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