FLAMENGO USA EXPULSÃO COMO MULETA NO MUNDIAL, QUE MANTEVE GERSON SOBRECARREGADO

Semifinal do Mundial de Clubes FIFA - Flamengo x Al-Hilal - - Estadio IBN Batouta - Gerson - Foto Marcelo Cortes / Flamengo Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

O sonho do bicampeonato mundial ficou pelo caminho. O Flamengo viveu um roteiro de filme de terror no Marrocos, com direito a expulsão de Gerson, arbitragem tendenciosa, mas sobretudo uma apresentação pouco contundente diante do Al Hilal, o que não chegou a ser novidade depois de um começo de temporada mal planejado. O placar de 3 a 2, com dois gols de Pedro para o time rubro-negro, soou ainda mais cruel pela possibilidade de reação através do talento. Entretanto, em nenhum momento o Flamengo se mostrou pronto para chegar a tão desejada final contra o Real Madrid.

Depois da partida em Tânger, o discurso de jogadores e do técnico Vítor Pereira concentraram críticas sobre a arbitragem, que distribuiu cartões amarelos, deu dois pênaltis e expulsou Gerson, que havia simulado uma falta dentro da área antes de pisar no pé de Luciano Vietto, autor do terceiro gol. Salem Al-Dawsari, duas vezes, converteu os pênaltis. Com um a menos, o Flamengo foi presa fácil, sobretudo depois da saída de Arrascaeta no intervalo para recompor a defesa no segundo tempo.

—Não tirei o Arrascaeta pela condição física. Nunca tiraria o Arrascaeta 11 contra 11 no intervalo. Agora, uma equipe com propensão ofensiva se desequilibra defensivamente. Os que equilibram são Gerson e Thiago Maia, com capacidade física e de pressão — afirmou o treinador, que vê Éverton Ribeiro com mais capacidade que Arrascaeta na recomposição. E demonstrou um certo temor em mexer nas peças de ataque, Pedro e Gabigol.

— Não foi minha vontade tirar o Arrascaeta. Se tirasse o Gabigol, o que me diriam? O Pedro? Arrascaeta ou Ribeiro? Para colocar o Erick (Pulgar) e dar algum equilíbrio. Éverton ainda consegue equilibrar mais um bocado, mas é uma decisão difícil — completou.

As escolhas do treinador não causaram, mas influenciaram na atuação e na derrota. VP não conseguiu, com as substituições, mudar o panorama do jogo. Resolveu também entrar com Matheuzinho, que falhou muito na defesa, e Ayrton Lucas, bem mais vulnerável e inexperiente que Filipe Luís. Ambos sofreram com as atuações dos pontas do time árabe.

No meio-campo, a dinâmica a partir de Gerson segue difícil. O volante criou algumas boas situações em combinações pelo lado esquerdo, mas se mostrou novamente perdido e sobrecarregado no esquema atual, que tem Arrascaeta em posição diferente da do ano passado, mas a mudança não gera apoio na marcação. O uruguaio até teve mais lampejos ofensivos do que nas partidas anteriores, foi mais disposto. Pedro e Gabigol se movimentaram, criaram espaços. Só que o quarteto, que teve Éverton Ribeiro mal, não entrega para o time sem a bola o necessário em jogos com uma exigência física maior.

Ainda assim, a responsabilidade deve ser dividida. A diretoria optou por mudanças na comissão técnica no fim do ano passado ciente de que o início da atual temporada seria de decisões importantes. Optou, também, por aproveitar essa janela de transferências para vender João Gomes, que dava solidez ao meio-campo. E deu férias longas, com pouco tempo de preparação física. Após 45 dias de descanso, o plantel retornou um dia após o Natal, e três dias depois estava de folga novamente para festas de fim de ano. Na reapresentação, a preparação física ficou picotada, e nunca foi feito um trabalho de médio prazo para haver um ganho satisfatório para as disputas da Supercopa e do Mundial. O Flamengo tratou de usar o Estadual para esse objetivo, houve um desgaste que gerou a necessidade de novos dias de menor carga, e a bola de neve se consolidou.

Com um a menos, os espaços se abriram ainda mais para o Al Hilal, que deu a bola para o Flamengo no início, mas explorou a fraqueza da equipe rubro-negra sem a posse. Como fez o Palmeiras, e outros times desde o ano passado, como o Athletico-PR na final da Libertadores. Diretoria e jogadores mantém a narrativa de que é início de trabalho, que estão todos fechados com o treinador, e que há muito a ser conquistado no restante da temporada. Mensagem que teve o mesmo tom nos começos conturbados de outros treinadores, como o português Paulo Sousa.

A gente está fechado com todo treinador que vem aqui. A gente gosta do Vitor. Para que já está chato 'ah o Vitor'. Ele foi escolhido para estar aqui. Não tem nada para falar sobre ele, ele é maravilhoso, nossa relação é muito boa. Um assunto muito chato — Gabigol.

Após a derrota, o vice de futebol Marcos Braz também deu explicações.

—É futebol, não adianta ficar dando desculpas. Não era o que a gente planejou, mas estamos no começo da temporada, muita coisa ainda para disputar.


*Extra

Nenhum comentário