EQUIPE DO IBAMA É ALVO DE TIROS PERTO DE ÁREA INDÍGENA

Policiais federais atiram em suspeitos de garimpo durante operação conjunta com o Ibama em Altamira, no Pará (Nacho Doce/Reuters)
Uma equipe de fiscalização do Ibama foi alvo de tiros deflagrados por garimpeiros durante operação de fiscalização na sexta-feira 30, perto da Terra Indígena Ituna/Itatá, em Altamira, no Pará, e homens da Polícia Federal (PF) e da Força Nacional de Segurança Pública, que davam apoio à operação, revidaram.
Ninguém ficou ferido na troca de tiros, e os garimpeiros, que se esconderam na mata com a chegada dos fiscais, não foram presos. Os agentes do Ibama destruíram duas retroescavadeiras e três motores usados no garimpo, de acordo com Hugo Loss, coordenador do Ibama responsável pela operação.
“Eles (garimpeiros) se esconderam no mato e dispararam contra a equipe”, disse Loss, acrescentando que o desmatamento tem aumentado significativamente na região, especialmente nessa reserva indígena que, de acordo com o coordenador, teve 10% de sua área desmatada somente neste ano.
Loss afirmou que um aumento expressivo da grilagem de terras na área indígena impulsionou a alta de desmatamento na reserva Ituna/Itatá que, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), é destinada a índios isolados, engloba os municípios de Altamira, Anapu e Senador José Porfírio e ocupa uma área de 142.402 hectares.
De acordo com Loss, a demarcação dessa área foi uma das condicionantes para permitir a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. A reserva é de restrição de uso, o que significa que nenhuma atividade pode ser desenvolvida na região, e a demarcação visa proteger índios isolados, cujos sinais de presença foram detectados durante a construção da usina. O garimpo, alvo da operação nesta sexta, fica a cerca de 50 quilômetros da área indígena, disse o coordenador do Ibama.
“Essa demarcação da terra (Ituna/Itatá) é feita com base em um decreto presidencial. Com a alteração toda que houve na orientação da política ambiental, criou-se uma expectativa de regularização, de desregulamentação dessa terra, de desfazimento desse decreto”, disse Loss. “Então a grilagem aumentou muito forte lá dentro dessa expectativa. Isso causou o aumento drástico do desmatamento naquela área.”
O presidente Jair Bolsonaro, que vem sofrendo pressão internacional por causa do aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia, é crítico ferrenho da demarcação de terras indígenas. Em reunião com governadores dos nove estados da Amazônia Legal, Bolsonaro disse que as demarcações visam “inviabilizar” o Brasil.
O presidente, que já disse várias vezes que não assinará a demarcação de nenhuma nova área indígena em seu governo, defendeu na manhã da sexta-feira 30 a revisão das demarcações já feitas, apontando suspeitas de fraudes, sem dar detalhes.

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